MERCADO ADMITE CORTE MAIOR QUE 1 PONTO NA SELIC



A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começa nesta terça em Brasília, com a bolsa de apostas em alta para uma redução da taxa de juros básica. O corte na Selic - que vinha sendo projetado em 1 ponto percentual - pode ter ampliado as chances de chegar a patamar maior. Os resultados da produção industrial, divulgados na última sexta-feira, fez o mercado aumentar a expectativa de queda para até 1,5 ponto percentual, o que colocaria a Selic dos atuais 12,75% para 11,25%.

Essa redução mais agressiva, no entanto, não é consenso. "Acho difícil que chegue a esse corte", diz Andrew Storfer, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). "O Copom segue basicamente duas diretrizes para determinar a Selic: a expectativa de inflação e a necessidade de financiamento público", explica. "Se examinarmos essas condições, a meta de inflação não é um problema - está cada vez mais próxima do centro da meta. Agora, os gastos públicos o governo não consegue cortar, e a arrecadação em queda e os gastos mantidos impedem uma redução maior da Selic", completa.

Além disso, Storfer diz que caso a autoridade monetária decida dar um corte de 1,5 ponto percentual de uma só vez, o Copom diminui a margem de manobra para agir nas próximas reuniões. "Se der um passo muito forte em direção ao corte, fica sem opção, e se der uma redução de 0,75 ponto percentual, sinaliza um viés de parar com a queda, o que não é o caso. O mais provável, então é reduzir 1 ponto percentual", conta o vice-presidente da Anefac.

Já na divulgação do último Boletim Focus havia a expectativa de que o BC rompesse o patamar de juros projetado para dezembro em 10,50% e chegasse a um dígito ao final de 2009, chegando a juros de 9,75% ou 9,50%.

Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que toda a economia brasileira continua sentindo os efeitos da crise. Em dezembro, a indústria já havia recuado 12,4% em relação a novembro - o pior resultado desde 1991, quando o IBGE começou a apurar a série histórica. Os economistas esperavam que, em janeiro, o setor desse um forte sinal de recuperação. A produção industrial, porém, cresceu apenas 2,3% em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal, um resultado muito aquém do piso das expectativas (4,2%). Na comparação com janeiro de 2008, a produção mostrou queda de 17,2%, próxima ao piso das previsões (-18,5%).

Preocupação de Meirelles

Na semana passada, durante a reunião de acompanhamento da crise, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chamou a atenção para o cenário externo. Tanto para a inadimplência nos Estados Unidos que segue como tendência, sem estabilização à vista, como para os países do Leste Europeu, que segundo ele são uma outra fonte potencial de problemas, pela falta de crédito internacional e pelo desprovimento de reservas internacionais. Para Meirelles, os impactos maiores da crise aparecerão em duas áreas principais: crédito e comércio.

Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor -Classe 1 (IPC-C1), índice que mede a inflação das famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos mensais, teve uma desaceleração acentuada em fevereiro e ficou em 0,16%, contra alta de 0,72% em janeiro. Trata-se do menor resultado desde setembro de 2008, quando o indicador registrou queda de 0,57%. Os dados foram divulgados na última sexta-feira, dia 6, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com o resultado do mês passado, o IPC-C1 acumula alta de 6,67% nos últimos 12 meses, e de 0,88% no ano. As principais contribuições para a desaceleração no indicador vieram dos grupos Alimentação (0,63% para -0,01%) e Transportes (2,21% para 0,68%).


Fonte: DCI - www.dci.com.br

Odair Rocha (Família Rocha)

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